quinta-feira, 29 de março de 2012

Alhos & Bugalhos

Já, já eu explico o título.

Seria ótimo se, a cada vez que tivesse uma idéia ou desejasse compartilhar algo aqui, eu tivesse disponibilidade para sentar, escrever e publicar. Uma postagem rapidinha, simples. Haveria postagens todo dia, eu garanto. Mas ainda estou adquirindo prática nas rapidinhas (refiro-me às postagens, tá?) e enquanto isso acabo mesmo acumulando várias pequenos assuntos e escrevendo postagens longas. Então vamos lá - hoje vou até numerar os assuntos:

1) Terminei de tricotar a peça com o fio merino + seda fiado em casa. Demorei para escolher uma receita, mas acabei optando por uma bem simples (receita do Ravelry, gratuita) porque o fio já faz o show sozinho. Fiz esse mini-xale/lenço de pescoço:

2) Desmanchei a gola que tinha tricotado com a alpaca fiada em casa - mostrei na última postagem, lembram? Motivo: a alpaca não tem crimp. Expliquei o que é isso aqui, mas só para relembrar: crimp é o que dá elasticidade às fibras animais. Sem crimp, o fio pronto tem zero elasticidade, e a peça tricotada pode "crescer" e deformar com facilidade. Desmanchei, e escolhi outra receita; novamente, optei pelo simples: fiz outra gola sem costura em agulha circular, mas desta vez escolhi um ponto já elástico - uma sanfona rendada que utilizei também nesta peça (atenção: para tricotar essa receita em agulha circular, sem costura, é preciso modificar as carreiras pares: onde é meia faça tricô,onde é tricô faça meia). Desta vez o resultado foi legal:
Vivendo e aprendendo, né? Mas para aprender a gente tem de estar disposto a errar, desmanchar, refazer, arriscar.

3) Comecei a fiar a misturinha de merino + seda que mostrei na última postagem - em outra cor. Está ficando assim:

4) A editora Interweave, que publica a revista Spin-Off - sobre fiação artesanal - disponibiliza as publicações também em CDs. Como só me tornei assinante em 2011, encomendei, toda boba, o CD com as quatro edições de 2010:

A revista é muito informativa, super didática e aprendo muito com uma única edição.  Um CD com quatro edições seria o paraíso, né? Não quando tem algo em seu DNA que te impede de apreciar a leitura na tela do computador. Muito curioso, isso: eu uso o computador de montão, mas na hora de ler, não rola: bom mesmo é me esparramar na poltrona, em qualquer posição, com a revista na mão. Mas estou tentando. Providenciei até esse trem aqui, para pôr o notebook:

Ontem à noite li metade de uma edição na cama, com esse bandejão no colo. Mas não tem jeito: para pegar no sono, precisei pôr o notebook de lado e ler um livro, mesmo! Aí, depois de uma ou duas páginas, bojei.

5) O livro era esse aqui

Life lists são aqueles listões em moda hoje em dia - tipo "1000 discos para ouvir antes de morrer". O livro apresenta diversas listas de coisas que uma tricoteira deve aprender ou fazer antes de morrer. É uma proposta muito interessante porque a gente tende a se acomodar em um nicho de conforto, e fica fazendo sempre o que já sabe. A autora cutuca, provoca, aguça a curiosidade e a gente acaba aceitando os desafios. Por exemplo, eu sempre fugi de uma técnica chamada provisional cast-on - "montagem provisória dos pontos": é um jeito de montar os pontos que permite, no final, que você desfaça a montagem, pegue novamente os pontos e saia tricotando na outra direção. O livro provocou e eu resolvi experimentar um projeto com essa técnica - comecei ontem essa peça:

Mas ainda estou no comecinho: a peça não é minha, e não sou a moça da foto, infelizmente. É uma peça do livro Custom Knits 2, da Wendy Bernard (outra cutucadora que não dá só receita prontinha: ensina e faz a gente querer customizar as peças).

Mas voltando ao livro que estava lendo ontem à noite: estou em um capítulo que fala dos museus que uma tricoteira deve visitar. Tudo logo ali na esquina, como o Shetland Museum. As ilhas Shetland ficam ao leste da Escócia, beeeeem ao norte:

Não disse que era logo ali? Por causa do isolamento, as ilhas preservaram uma raça de carneiros - do mesmo nome - extremamente primitva e pura, cuja lã é muito valorizada. O museu conta a história da raça e da evolução das técnicas têxteis ao longo dos séculos. 

Enquanto não tenho condições de visitar esses lugares (condições essas que, tudo indica, não virão antes do término da presente encarnação), vou curtindo os livros (não é bacana saber do que existe aí pelo mundão afora?) e tirando casquinha dos mimos que recebo de pessoas que viajam e lembram de mim. Ontem ganhei este dedal de porcelana de uma aluna que esteve em Paris:

E minha irmã trouxe do Uruguai esta lã puríssima, artesanal:

Se alguém aí for às ilhas Shetland, eu aceito um velo de carneiro!

Bom, depois de todos esses assuntos, acho que está explicado o título da postagem, né? Mas eu prometo, mesmo, que não vou mais deixar que os assuntos se acumulem assim!

Palavra de tricoteira (e fiandeira).

Até a próxima!