domingo, 24 de março de 2013

Ele também fiava!

E como fiava... fiava tanto que, nos últimos anos de sua vida, recebia pessoas, concedia entrevistas e fazia tudo o mais enquanto fiava. Sua roda de fiar, na Índia chamada de charka - esteve com ele até o último dia de sua vida.



Estou falando de Ghandi. Ontem assisti ao monólogo sobre ele, com o ator João Signorelli, que se apresentou aqui em Pouso Alegre. Quando entrei no teatro, antes do início do espetáculo, a primeira coisa que vi foi a roca que fazia parte do cenário:


Em um trecho da peça, "Ghandi" explica: quando a Índia era colônia britânica, havia uma lei que determinava que todo o algodão produzido seria enviado para a Inglaterra, transformado em tecido e revendido para os indianos... a preços abusivos. Essa é uma sacanagem que a Inglaterra aprontou muito, e já falei disso em uma postagem que conta sobre o início do patchwork nas colônias americanas (clique aqui para ler).

Para protestar, Ghandi desafiou a lei, começou a fiar seu próprio algodão e exertou os indianos a fiar e tecer suas próprias roupas. Isso foi em 1918, e esse movimento pacífico acabou dando origem à Khadi - a industria indiana de tecidos artesanais que existe até hoje e emprega cerca de 1.6 milhões de mulheres. Graças a ela, Ghandi pôde conectar-se com as pessoas e divulgar sua mensagem de independência industriosa. 

Cá entre nós, por maior que fosse seu desprendimento e vontade de produzir, acho que Ghandi na verdade fiava para unir o útil ao agradável: fiar é meditativo, a gente fica zen, mesmo! Quando começo é difícil parar, e o bem estar mental é muito grande.

O fato é que, graças a ele, a roca tornou-se símbolo de auto-suficiência e hoje está na bandeira da Índia.


Leia mais sobre Ghandi e a independência da Índia na Wikipedia.

Até a próxima!