domingo, 17 de junho de 2012

Lã boa e lã ruim

Eu contei, uns dias atrás, que finalmente estou fiando a lã que ganhei do Seu Arlindo. Essa lã é especial porque foi o primeiro velo que caiu em minhas mãos. E o primeiro velo a gente nunca esquece!


Eu andava pesquisando criadores de carneiros na região. Descobri vários, mas nenhum voltado para a produção de lã. Em algumas propriedades há carneiros lanados, mas não existe o cuidado necessário para a obtenção de uma fibra de qualidade - o foco é a produção de carne. Uma das indicações que recebi me levou à região da Pousada Recanto do Teimoso, onde finalmente eu os vi: branquinhos, peludinhos, os carneirinhos!


Fui atrás e descobri o proprietário, que gentilmente me encaminhou para o administrador - o Seu Arlindo. Sobre esse encontro eu já escrevi aqui.

A maior parte dessa lã que ganhei ainda está em seu estado bruto, no mesmo saco em que veio do sítio; lavei uma pequena porção mas depois desanimei: a lã é rústica demais, muitas pontinhas são impossíveis de pentear e a quantidade de matéria vegetal é enorme. 

Pentear a lã é um capítulo à parte: é difícil conseguir o equipamento apropriado, e eu ainda estou usando um parzinho de rasqueadeiras de pentear poodles. Pesquisando eu até descobri onde comprar um par de cardas de verdade, mas o preço é surreal: acima de duzentos reais. Disse o Guaracy, do Sítio Duas Cachoeiras, que outro dia mesmo uma carda custava dezenove reais. Com o aumento do interesse o preço galopou dessa forma. Mas são objetos super simples - vejam só:


Por conta disso é que continuo vasculhando lojas de artigos veterinários. Espero pelo menos conseguir rasqueadeiras maiores! E vou improvisando enquanto isso...

Mas enfim, já tinha desistido dessa lã. Durante minha visita ao Sítio Duas Cachoeiras, no entanto, vi a Cecília fiando uma lã tão rústica quanto a minha (minha, não, dos carneirinhos do Seu Arlindo). Não é uma lã apropriada para trabalhos delicados, como o tricô. Mas a Cecília fia e tece uns tapetinhos bem legais. Voltei mais animadinha, pus as luvas e tentei de novo; a lã tem de ser lavada porque a sujeira é muito grande; depois, na hora de pentear, cai muita matéria vegetal; uma segunda lavadinha a deixa bem mais limpa e aí tem de pentear mais um pouco, para afofá-la; depois, finalmente, é hora de fiar.

Mas é bem chatinho: ela não desfia bem como a lã de boa qualidade, e o fio fica bem irregular - grosso-fino-grosso-fino... Mas, como tenho aprendido, não existe lã boa ou lã ruim: cada tipo se presta a um propósito. Espero, em breve, poder mostrar aqui tapetinhos feitos com a lã que estou fiando. Por enquanto, ficam as fotos da lã antes e depois de fiada:

O velo não era totalmente branquinho: as cores naturais se mesclam.

A lã fiada tem trechos mais claros e outros mais escuros: isso deve dar um aspecto interessante ao trabalho pronto.


Depois de fiar, pretendo torcer dois fios juntos para tricotar com agulhas grandes - bem rústico. Vamos ver no que isso vai dar.

Até a próxima!