quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Era assim...


Top penteado - 50% merino, 50% tencel. O nome da cor é Hibiscus.


... e ficou assim:

Dois fios torcidos juntos (2-ply). Rendeu cerca de 210 metros.


E algumas fotos do processo:

Fiei na roca de pedal...

...depois mergulhei na bacia com água e um pouquinho de amaciante, espremi o excesso e esperei (impacientemente) secar.

E hoje cedo quando fui lá atrás de casa (onde tem luz boa) fotografar o comecinho do tricô, não resisti e tirei essas fotos:

Os gerânios e a bouganvillea estão felizes que só vendo! (participação especial do bumbum da Kimee, no cantinho à direita).

Minha orquídea cheia de botões.

Agora é oficial: a primavera está aí!

Até breve!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Manhã de Segunda-feira...

...é coisa que quase ninguém gosta... Principalmente se o fim de semana foi prolongado, como este último. Aquela preguiça de retomar a vida normal, a rotina... Mas hoje eu comecei a semana completamente fora da rotina, e nem lembrei que era segunda-feira!

Fui a Santa Rita do Sapucaí, município a 20 quilômetros daqui, visitar uma pessoa que, sabendo de meu interesse por fibras e fiação, gentilmente me convidou para conhecer os tesouros de sua família. A Fátima Scudeler foi minha aluna de patchwork uns anos atrás, e seu interesse por antigüidades e artesanato sempre foi evidente. Então eu já sabia que essa visita ia ser super bacana. Mas foi muito mais: para alguém como eu, a casa dela é um parque de diversões!!! Vejam só se eu não tenho razão:

Para começar, Fátima coleciona máquinas de costura vintage. Os modelos abaixo são apenas alguns que encontrei lá - tem de tudo, de pedal e de manivela, com todo modelo de gabinete que se possa imaginar...


Algumas dessas máquinas são relíquias de família; como também o são as mantas de lã de carneiro, fiadas, tecidas e tingidas artesanalmente na propriedade da família:


Segundo ela, essas mantas eram feitas por colonas portuguesas que viviam e trabalhavam na fazenda da família, em Santa Rita do Sapucaí, gerações atrás. Ela ainda lembra de haver carneiros lanados na propriedade quando era criança. E conserva, daquela época, uma saca de lã bruta de carneiro - que agora ela mesma carda e fia:

Par de cardas para lã - estão na família de Fátima há gerações!



Lã bruta e lã fiada em bolas.


Fátima também vem praticando tecer peças no tear utilizando a lã que fia:


Além da fabricação de fios para uso no tear, a lã bruta também era empregada no recheio de acolchoados; essas peças são, apesar de quentes, incrivelmente leves - graças às propriedades térmicas da lã. Eu disse "são quentes", no presente, porque Fátima ainda tem algumas dessas peças:



Mas as estrelas mesmo - "estrelas" porque são tão raras! - são as duas rocas de fiar que Fátima ainda guarda:





Já pesquisei muito a existência de rocas originais aqui na região toda. Acreditem, é muito difícil encontrá-las. Algumas vezes fui atrás de indicações em cidades vizinhas e chegando lá a peça era, na verdade, um tear. Os dois objetos são normalmente confundidos. 

Essa visita foi parte do projeto de pesquisa e resgate da utilização da lã de carneiro no Sul de Minas, conduzido pela ACAJAL. A opinião de Fátima coincide com o que tenho apurado em minhas pesquisas: aos poucos, com a modernização e o acesso fácil a itens comprados nas lojas, o interesse pela lã diminuiu e os criadores que restaram hoje preferem as raças voltadas para o corte, mais fáceis de cuidar. É a desistência das tradições, o abandono de artes seculares a favor do "prático". Felizmente, esse panorama está mudando e hoje os costumes artesanais estão voltando a ser valorizados. A ACAJAL espera que voltemos a ver carneirinhos lanados misturados à paisagem da região.

Enfim, essa foi uma manhã recheada de curiosidades, histórias, relíquias... E, como se tudo isso não bastasse, da varanda de Fátima, enquanto conversávamos, ainda fui brindada com esta vista:


Manhã de segunda-feira assim é bom, não é?

Até a próxima!