sexta-feira, 10 de maio de 2013

Notícias do Front

Tá frio. Muuuuuuito frio aqui no Sul de Minas! Começou bem cedo esse ano, e aí dá vontade de parar tudo e só mexer com as fibras. Pena que o tempo anda escasso - tanto para escrever no blog quanto para me jogar nas experiências e pesquisas... ah, o tempo, sempre o tempo...!

Mesmo assim, tenho alguma coisa para mostrar, sim. Vamos lá:

Lembram dos dois últimos pacotes com fibras para fiar que mostrei algumas postagens atrás? Esse semana terminei de fiar a Falkland, e o resultado foi muito bom:



Falkland é uma raça nobre de carneiros, e eles vivem nas ilhas de... Falkland! Sim, aquelas que geraram conflitos uns anos atrás entre a Argentina e a Inglaterra. A lã de Falkland é considerada uma das mais "verdes" do mundo - no sentido da sustentabilidade e da produção orgânica. Durante 160 anos foi a principal atividade econômica das ilhas - hoje a pesca está em primeiro lugar, mas os carneirinhos continuam sendo muito importantes.

A lã é muuuuito leve e aerada, e gerou um fio ultra fofinho! Por conta das fibras mais curtas, não foi tão fácil de fiar, mas o preço e o resultado valeram a pena: fiei o single e depois torci dois fios juntos, gerando um cordão duplo; a princípio pareceu meio sem graça, mas depois de lavado...o fio simplesmente floresceu, afofou, ficou gostoso demais! E se comportou muito bem na amostra acima, com boa definição dos pontos. Agora sou a feliz possuidora de 270 metros de fio puro, e ainda não sei o que vou tricotar com ele... ô, responsabilidade! 

Enquanto vou fiando minhas lãs, permaneço de olho no mercado, que anda caidinho mas às vezes tem surpresas muito boas. Em matéria de fios, o ano está fraquíssimo: não tenho um único lançamento nacional, dos grandes fabricantes, que valha a pena mostrar e recomendar aqui; as indústrias continuam ignorando as artesãs de verdade, continuam desprezando a tendência mundial que favorece as fibras naturais; até agora não foi lançado este ano qualquer produto dentro desse padrão; continuamos sendo brindadas com os sintéticos e afrescalhados fios impróprios para trabalhos de qualidade. Curioso é que os fios deste tipo lançados no ano passado estão nos saldões das grandes lojas... o que mostra que não foram bem aceitos. Fabricantes, acordem!!!


Exemplos de fios em liquidação no Bazar Horizonte
Reparem na queda vertiginosa dos preços...

Ainda bem que o mesmo Bazar Horizonte tem também uma seção de "naturais"; são, na maioria, fios importados, um pouco caros, mas ficam como opção para termos algum acesso às fibras puras. O único produto nacional é o da Fazenda Caixa D'Água, que já mostrei em diversas ocasiões aqui no blog.

E a surpresa boa deste ano também veio da Fazenda Caixa D'Água: eles agora estão vendendo fusos de madeira e encorajando as artesãs a fiar sua própria lã!
Eu aprendi a fiar com um fuso semelhante; na época, não encontrei à venda em lugar nenhum do Brasil, e um torneador aqui da cidade fez um para mim, com base em fotografias que achei na internet. E até hoje o utilizo para ensinar outras pessoas - depois fica mais fácil aprender na roca. Para quem não sabe o que é nem de onde veio, esse artigo, da própria Fazenda Caixa D'Água, é bem informativo:

http://caixadagua.com/blog/?p=665

No youtube você também encontra muitos vídeos mostrando como se fia com um fuso. Faça a busca em inglês: "Spindle Spinning". 

Mas se você só aprende se tiver um professor "ao vivo", fique de olho: vem aí o segundo picknit de Pouso Alegre - a data ainda vai ser marcada, mas deve ser em um sábado ainda no mês de maio. Trata-se de um piquenique para tricotar no parque florestal, e nessas ocasiões eu levo também fibras, fusos e até a roca para quem desejar aprender. Leia aqui sobre o primeiro "picknit".

Por hoje é só. Até a próxima!

4 comentários:

Sandra disse...

Oi Jane!
Vai ter aula para aprender a fiar também no segundo congresso brasileiro de tricô em junho: http://www.congressobrasileirodetrico.com.br/programacao/
Inclusive é a Denise da Fazenda Caixa d'água quem vai ensinar.
Ano passado eu participei e adorei a aula dela, pena que até hoje não tive tempo de fiar nada...
Beijos

Lia disse...

Minina Jane!
Encontrei uma alma tricoteira irmã! rs***
Também sou fã das lãs e fios naturais. Aceito no máximo os 15% de sintético pra aumentar a duração das meias... rs***
Aqui no Brasil a gente sofre, mas ao menos tem as lojas da Turquia pra matar a vontade.
Seguinte, a Aslan tirou o Oxford de linha porque ele simplesmente não vendeu o que eles precisariam para manter no catálogo. :-(
Então eles preferem exportar para os EUA, onde é um fio extremamente bem vendido, e a gente, bem, que se vire, né...
Quem me contou foi o gerente lá na Aslan do Bom Retiro.
Prazer em conhecê-la, vou acompanhar seu blog via feed...
Bjs!

Jane Rotta disse...

É, Lia... faz sentido mesmo: não hpa mercado aqui, então eles vendem só onde há; quemsabe agora que está surgindo um certo interesse pelos fios naturais eles decidam trazer o Oxford de volta para o catálogo? Onegócio é pessoas como nós batalharem para "contaminar" as outras tricoteiras com o vírus da busca da qualidade; assim haverá demanda e,consequentemente, produtos de mais qualidade!

Obrigada pro seu comentário!

Lia disse...

Ah, mas eu estou nesta batalha tem um tempo... Quando o oxford estava pra ser lançado, esse mesmo gerente fazia fusquinha, mostrava o fio mas não podia vender. Só consegui comprar lã para um cardigã (tá aqui guardadinha na fila!), mas... vamos torcer. Próxima vez que eu for a Sampa, vou apertar o povo lá. Está mesmo muito furreba essa coisa só de acrílico...
E como parece que a neve chegou ao país, quem sabe o povo não se anima pra usar lã de verdade? :-)