sábado, 17 de dezembro de 2011

Como fui parar nesse universo

Na semana passada eu pintei um rápido panorama de como vai o universo das fibras para trabalhos manuais tipo tricô, crochê, tear, etc. E no Brasil?

Aqui no Brasil me parece que estamos andando para trás - por mais doloroso que seja admitir isso.

Eu faço crochê desde menina mas andava meio afastada desse departamento. Cidade grande, trabalhando fora durante anos, vida corrida... Depois saí do emprego para acompanhar o marido, transferido para Salvador; nos dois anos que passamos lá o "comichão" dos trabalhos manuais começou a vir à tona; mas vieram outras mudanças, e foi aqui em Minas que finalmente tive tempo de me interessar de novo, para valer: vim para cá grávida de dois meses - nem tive chance de procurar emprego. Mergulhei no ponto cruz e nas costurinhas!

E foi aí que comecei a enxergar que as coisas por aqui estavam meio no atraso; ganhei de presente "A Bíblia do Ponto Cruz", da Jane Greenoff, e vi quanto material lindão existe pelo mundo. Aqui, eu ia às lojas e só encontrava uma etamine meio de má qualidade, que deixava as cruzinhas destorcidas; e as meadinhas básicas de sempre. Lá fora, bordava-se em linho Zweigart e havia meadinhas de algodão, de linho, de seda... Enfim, comecei a fazer comprinhas online e me apaixonei pelos samplers, um tipo de bordado que não havia visto por aqui. Estes são alguns que bordei naquela época:


A essa altura o patchwork já estava começando a dominar a cena - montei um ateliê em casa, larguei a profissão (aulas de inglês e traduções) e vivo das aulas de patch há três anos. Mas aí comecei a sentir falta de outra válvula de escape - já que o hobby das costurinhas havia virado responsabilidade. Entrou em cena o tricô.

E foi aí, procurando lãs para tricotar, que a maior decepção veio; até então a palavra "lã" para mim era meio sinônimo de "fio", sei lá. Lã era lã; nunca havia parado para pensar na composição dos fios industrializados. Entrei para o Ravelry - uma mega comunidade internacional, online, para tricoteiras e crocheteiras; comecei a pesquisar projetos, a olhar o que as pessoas tricotam mundo afora, e esbarrei nos termos wool, cashmere, mohair, alpaca, angora, qiviut...e handspun. HANDSPUN ?! Mas isso quer dizer fiado à mão! Opa! Há mais sob o sol do que supõe a pobre prateleira de nosso aramarinho local...

Sim, há mais, muito mais... Entrei em um turbilhão de informações e hoje há muito que pesquiso e reflito. Tipo: muitas fibras naturais vêm dos animais, coitadinhos. Vamos usar os sintéticos. É, mas os sintéticos são fabricados através de processos extramamente agressivos para o meio ambiente...E aí? 

Bom, só estou introduzindo essa polêmica. Esta postagem está ficando enorme e nas próximas vou entrar mais nesse assunto. Mas antes de estender a polêmica vou mostrar um pouco dos fios que andei comprando lá de fora, e trabalhos feitos com eles. Vou falar também do que temos no Brasil, do que os fabricantes lançaram este ano e do que foi tirado de linha. Na  próxima postagem, Breve!

Vamos conhecê-los de perto na próxima postagem!



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