terça-feira, 15 de maio de 2012

Oops! Muita calma nessa hora...

Há mais complexidade no mundo das fibras do que supõe nossa vã cestinha de tricô! Duas postagens recentes geraram dúvidas, e algumas pessoas me escreveram para esclarecê-las (a propósito, não sei o que está acontecendo com o blogger: muitas pessoas têm me enviado e-mail dizendo que não conseguem postar comentários aqui).

Vamos lá:

Na última postagem falei sobre o Mohair, que vem da cabra angorá; e aí perguntaram: Mas angorá não é um coelho? Sim, também; e há ainda o gato angorá. Os animaizinhos descritos como angorá têm o pêlo beeeeeeem  longo. Então, para esclarecer:

- o coelho angorá fornece a fibra comercialmente descrita como angorá; ou seja, se o rótulo de seu fio disser que ele contém angorá, a fibra vem do coelhinho, que já mostrei aqui.

- a cabra angorá fornece a fibra comercialmente conhecida como mohair;

- a cabra cashmere fornece a fibra comercialmente conhecida como cashmere.

Como podemos ver, nem só de carneirinhos vive a fiação artesanal. Também já falei sobre a alpaca em outra ocasião.

Outra postagem que causou confusão foi esta, em que falei de um fio brasileiro classificado como worsted. Essa palavra normalmente confunde porque tem dois significados completamente diferentes:

- os fios podem ser classificados como woolen ou worsted; nesse caso, a classificação refere-se à maneira como as fibras foram preparadas para a fiação: cardadas desordenadamente em todas as direções (woolen) ou penteadinhas, todas na mesma direção (worsted); já expliquei a diferença aqui.


Foto 1: o método worsted gera um fio mais denso, compacto e resistente;
Foto 2: o método woolen resulta em fio mais leve e aerado, porém com menos definição e resistência.

- Maaaaaas... worsted também é uma das classificações por espessura, e descreve um fio médio. As nomenclaturas variam da mais fininha (lace weight) à bem grossona (super bulky). Essa tabela descreve todas as categorias.

Bacana mesmo vai ser o dia em que tivermos essas classificações aqui mesmo, no Brasil. E uma terminologia padronizada aplicada aos fios, às receitas... Também ando atrapalhada com os termos da fiação artesanal: quem leu as postagens sobre esse tema deve ter percebido que utilizo os termos em inglês, grifados: single, plying, drafting... Tenho pesquisado e não encontrei ainda termos em português para muitas das diferentes etapas do trabalho. Mas eles devem existir, pois já se fiou muito no Brasil.

No momento estou buscando contatos com associações de fiandeiras que descobri em Goiás e Alagoas, com o objetivo de aprender os termos que elas usam. E, aqui no Sul de Minas, tenho conversado com pessoas que cresceram vendo alguém fiar - mãe, avó, tia - na esperança de aprender um pouco sobre essa terminologia perdida. Esse vocabulário precisa ser resgatado e documentado rápido, antes que mais uma geração se vá e não sobre ninguém para contar a respeito. Aceito ajuda: se alguém puder sugerir fontes de pesquisa, contatos, etc. será uma grande contribuição!

3 comentários:

Marina Albertoni disse...

Você deveria entrar em contato com a Ellen e o Fábio.

Adorei seu blog e acho que o contato com eles só enriqueceria os dois lados.

beijo

Marina Albertoni disse...

Ellen e Fábio da Fiolã

http://www.fiola.com.br/

Jane Rotta disse...

Obrigada pela dica, Marina! Eu conheço a Fiolã, mas nem tinha pensado nessa hipótese. Vou consultá-los, sim!

Abçs!!!